segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Igreja Nossa Senhora da Penna






      Os portugueses, muito religiosos, sempre que tomavam posse de alguma nova terra erigiam uma ermida ou capela em honra do Santo de sua devoção, assim foi em Jacarepaguá, Rio de Janeiro.

      Uma das mais antigas, antes mesmo da fundação da Capela Curada Nossa Senhora do Loreto, está a de Nossa Senhora da Penna, que pode ser vista no alto do penhasco, construída por um ermitão devoto de Nossa Senhora.

Segundo pesquisas, graças à situação de difícil acesso a Igreja da Penna escapou à sanha dos reformadores, conservando o seu aspecto primitivo.
Diz a “estória” que Nossa Senhora da Penna está aqui desde 8 de setembro de 1661, quando um senhor de engenho, cruel com seus escravos, mandou um deles, logo cedo levar o rebanho ao pasto. O escravo então fez o que o senhor ordenara, mas quando foi recolher o gado sentiu falta de uma vaca.

     Amedrontado por saber que se voltasse à fazenda sem a vaca que faltava, sofreria severos castigos do feitor do seu senhor -  esses castigos eram o tronco, a palmatória e o vergalho - o escravo atirou-se por terra, se pôs de joelhos e começou a rezar a Nossa Senhora, pedindo para encontrar a rês que faltava. Depois de tanto rezar e chorar, o escravo se distraiu e olhou para o alto da montanha. Embaixo de uma grande árvore se encontrava uma senhora muito bonita e bem vestida, com um belo vestido azul e branco. A Senhora acenou ao escravo com a mão pedindo que subisse para falar com ela. O escravo não acreditava no que via e por conhecer aquelas terras sabia que não existia a possibilidade de alguém subir a montanha sem se sujar, se machucar ou rasgar suas vestes.  Pensando que se tratava de um fantasma, o escravo não se moveu. Entretanto, em determinado momento, encheu-se de coragem e resolveu subir a montanha. Ainda muito receoso, subiu cautelosamente a passos lentos.
Quando enfim chegou ao ponto indicado, a bela Senhora havia sumido, mas em baixo da grande árvore ele encontrou a vaca que havia se desgarrado. 
O senhor vendo tudo de onde estava, e, arrependido das maldades cometidas como senhor de escravos, mandou erigir no local do milagre uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora da Penna, que mais tarde foi reconstruída e ampliada por iniciativa do Padre Manuel de Araújo. Além disso, alforriou o escravo, em ato registrado como a primeira alforria no Brasil Colônia.
     Durante as obras de reconstrução houve outro Milagre comprovadamente atestado e de grande repercussão. A água era trazida para o alto do morro pelos escravos, à custa de muito sacrifício. Um escravo velho e cansado pediu ajuda a Nossa Senhora da Penna sendo de pronto atendido, pois logo em seguida começou a correr água da pedra. A água está correndo até hoje, no local que o povo denominou de Fonte de Água Milagrosa.

   




A Igreja de Nossa Senhora da Penna  erigida sobre o penhasco, é um dos principais marcos históricos do bairro. Foi esse penedo conhecido por Pedra do Galo, que após a construção passou a ser chamado de Morro da Penna. Possui ladeira íngreme – construída pelos escravos – toda calçada em pedras pé de moleque. Hoje está com uma parte alargada em paralepípedos, dando mais segurança aos carros que para lá se dirigem.

                (Pesquisa realizada por Carlos Alberto M.B. Leça)